Em cinco anos, a Esfiha Juventus, tradicional restaurante árabe no bairro da Mooca, em São Paulo (SP), aumentou seu faturamento em cinco vezes. A receita mensal, que em 2008 era de R$ 100 mil, saltou para R$ 600 mil atualmente.
O responsável pelo crescimento do negócio não é um administrador, mas sim um engenheiro mecânico: Celso Abrahão, 50. Filho de Tamer Abrahão, fundador do restaurante, o engenheiro largou a profissão, em 2008, para comandar o negócio da família a convite da mãe e do irmão. “Tive dúvidas sobre largar minha carreira. Era uma área nova para mim e, principalmente, era a empresa da minha família. Não poderia falhar em nada”, afirma Celso.
Tamer Abrahão era filho de imigrantes sírios e fundou a Esfiha Juventus em 1967. Segundo Celso, o pai sempre foi muito atuante no negócio. Era ele quem criava as receitas e supervisionava o atendimento. Agora empresário, Celso diz que, com a morte do pai, em 1998, a Esfiha Juventus praticamente parou no tempo. Não havia sistema de delivery, não eram aceitos pagamentos com cartões de débito ou crédito e os funcionários sequer utilizavam uniformes. “Nosso carro-chefe sempre foi a esfiha. Sem o serviço de entrega, perdíamos muitas vendas em dias frios ou chuvosos”, declara.
Hoje, o serviço representa em torno de 30% das vendas de esfihas. Por dia são vendidas 2.800 unidades. O preço varia de R$ 3,20 a R$ 4,20, dependendo do sabor. Nos dez anos entre a morte do pai e sua entrada no negócio, o empresário afirma que o restaurante foi administrado por gerentes contratados. O problema, segundo Celso, é que eles tinham receio de implantar mudanças justamente por ser um estabelecimento antigo no bairro.
“Nesse período, houve um distanciamento dos clientes. Minha mãe e meu irmão me chamaram porque eu poderia trazer ideias novas para o negócio e reaproximá-lo da clientela”, diz. Restaurante parecia feira, diz empresário Celso afirma que ficou assustado com a gritaria dos funcionários dentro do restaurante quando assumiu a gestão do negócio. Os pedidos eram anotados em um papel e os garçons gritavam do salão para a cozinha. “Parecia uma feira”, declara.
Uma das primeiras mudanças implantadas foi a adoção de “palmtops” – computadores de mão– para anotar os pedidos. “Agora, o garçom anota o pedido e, imediatamente, o pessoal da cozinha fica sabendo. O serviço todo foi informatizado”, diz o empresário. Posteriormente, os funcionários receberam uniformes, foi implantado o serviço de delivery e a empresa passou a aceitar pagamentos com cartão de crédito e débito. No ambiente, foram instalados televisores e aparelhos de DVD para dar mais conforto aos clientes.
Ao todo, segundo o empresário, foi investido R$ 1 milhão para melhorias no negócio nos últimos cinco anos. “Penso que essas mudanças seriam implantadas mesmo sem a minha chegada, mas, sinto-me realizado por acelerar o processo e contribuir para o crescimento da empresa”, declara.
De acordo com Celso, a Esfiha Juventus estuda a possibilidade de expansão por meio de franquias. No entanto, não há prazo para que sejam abertas novas unidades. Assumir negócio familiar exige cuidado Para o consultor especializado em empresas familiares Domingos Ricca, a decisão de abandonar uma carreira para cuidar do negócio da família não pode ser tomada por impulso. É fundamental, segundo Ricca, que esse empreendedor conheça os problemas internos que levaram a empresa da família a perder espaço no mercado.
“Geralmente, as deficiências do negócio são causadas por acomodação dos antecessores ou por brigas de poder. Quem assume o controle precisa ter liderança, tomar decisões e dar o exemplo”, afirma. Além disso, o consultor diz que é importante ter uma poupança para se manter por, pelo menos, um ano, caso o empreendedor não consiga elevar o lucro da empresa. “Largar o emprego para assumir o negócio da família envolve riscos. Por isso, o empreendedor precisa estar preparado caso a empresa não obtenha o sucesso desejado”, declara.
Fonte: Economia/UOL