São Paulo – Esqueça as referências de um escritório de trabalho tradicional, com recepcionistas usando traje social, mobília impessoal, luz branca, cafezinho servido na bandeja e uma gravura neutra na parede. Quem chega ao espaço de trabalho colaborativo da WeWork, situado na avenida Paulista, encontra um ambiente parecido com a sala de casa.
São poltronas confortáveis com almofadas, luz amarela para dar a sensação de acolhimento, um balcão com água saborizada, café, chope e uma mensagem estampada na parede com letras garrafais: “desobedeça”.
Os espaços de trabalho vão desde uma vaga nas mesas dispostas numa área comum até um escritório privativo acessível só ao funcionário da empresa locadora. Os frequentadores também são variados – incluem jovens empreendedores descolados, multinacionais e profissionais liberais, por exemplo.
Em menos de seis meses do desembarque no país, que foi julho deste ano, a maior empresa de coworking do mundo, que começou nos EUA em 2010, está acelerando a aposta no Brasil. Ontem inaugurou a terceira unidade em São Paulo, na avenida Juscelino Kubitschek, na Vila Olímpia.
Uma das novidades do empreendimento, que ocupa seis andares de um prédio que tem conexão com o Shopping JK Iguatemi, é o fato de ser a primeira unidade “pet friendly” da empresa no país, onde os usuários vão poder levar os animais de estimação.
Dentro de um mês, a companhia vai abrir dois novos empreendimentos de escritórios compartilhados, um na avenida Luis Carlos Berrini, no Brooklin, e outro no centro do Rio de Janeiro. Para 2018, estão programadas mais duas inaugurações no Rio, em Ipanema e Botafogo.
“São Paulo é onde a WeWork cresce mais rápido em relação as demais cidades do mundo em que estamos”, diz Lucas Mendes, diretor geral da empresa no Brasil. A empresa está presente 18 países e 56 cidades.
Dados do Censo Coworking Brasil, que reúne as empresas do setor, mostram que, de 2016 para 2017, o número de espaços compartilhados de trabalho mais que dobrou no País.
Comunidade
O diretor explica que o propósito da companhia é estimular o trabalho em comunidade, apesar de o compartilhamento do espaço físico e de serviços de limpeza, zeladoria e internet proporcionar um corte de custos de 20% a 25%.
Por questões culturais, Mendes diz que o compartilhamento é muito bem aceito pelos brasileiros. Ele explica que tudo na empresa gira em torno de uma grande comunidade.
Há, por exemplo, um aplicativo que permite que os membros de todos os espaços compartilhados da empresa no mundo troquem mensagens, façam postagens, reservem salas outros países, ofereçam produtos.
Hoje, há 160 mil membros da comunidade no mundo. O Brasil tem 2 mil participantes. Com as próximas inaugurações, subir para 5 mil membros.”70% dos membros interagem e mais de 50% conseguem fechar negócios na rede”, diz o executivo.
De olho nesse potencial, empresas importantes se instalaram nesses espaços compartilhados. Dentro do plano de apoio a startups e inovação, a EDP Brasil, do setor de energia elétrica, abriu uma estação de trabalho no prédio da Paulista e pretende expandir para o edifício da JK, trazendo área digital e de dados, conta Lívia Brandão, gestora de Inovação.
Para se aproximar do público jovem que trabalha nesses espaços e entender as demanda jurídicas, o escritório Bichara Advogados, desde agosto colocou um advogado fixo trabalhando no prédio da Paulista. Pedro Teixeira, sócio do escritório, diz que já consegui cinco clientes.
Também o site chinês Baidu, que teve escritório próprio, aderiu à nova onda. Felipe Zmoginski, gerente, diz que a decisão foi motivada para criar oportunidades de negócios e controlar custos de forma eficiente.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Exame/Abril